domingo, 23 de fevereiro de 2014

PARA SATISFAZER O AFONSO

Desde há uma semana que o Afonso (5º D) me anda a pedir um roteiro de visita dos principais locais de interesse da cidade de Évora onde ele se vai deslocar durante a interrupção letiva do Carnaval.
Aqui fica uma proposta à medida do Afonso e de outros "afonsinhos" que se desloquem em passeio a essa cidade do Alto Alentejo.
A organização deste mini roteiro obedece a uma ordem cronológica (começa dos monumentos mais antigos para os mais modernos), mas podem-se visitar por qualquer ordem desde que se tenha presente o período em que foram inseridos.
Começamos pela Porta de D. Isabel

Foi construída pelos romanos há cerca de 1800 anos. Era uma das principais portas da cidade, e situa-se nas muralhas que os romanos construíram para proteger Évora. Havia, nessa muralha, quatro portas, de que hoje só resta esta. Diga-se que a muralha romana, construída no século III, era grande, para aquele tempo. Tinha cerca de 1200 metros de extensão e tinha ainda várias torres para defesa.

Como já sabem, as cidades onde os romanos moravam tinham vários serviços para garantir a higiene, a limpeza e o conforto dos seus habitantes. Por isso os romanos se preocuparam tanto com o abastecimento de água. Construíam aquedutos para levar a água e tinham termas onde os cidadãos podiam tomar banho, conversar e conviver. As termas que aqui estão são a prova dessa preocupação com a higiene. 


Termas romanas
Em 1987 os trabalhadores que faziam obras no edifício da Câmara Municipal (ou Paços do Concelho) descobriram alguns vestígios antigos. Após vários estudos, os investigadores concluíram  que se tratava das termas romanas. Mas como eram estas termas? Tinham vários espaços, distribuídos por três zonas diferentes: uma quente, uma tépida e uma fria, onde a temperatura dos banhos também variava. Nestas termas os romanos, além de se banharem, conviviam, conversavam, negociavam. Era por isso um local de higiene e convívio.

O centro da cidade romana, o seu espaço mais importante, chamava-se Forum. Era aí que os romanos tinham o seu principal templo, bem como os locais onde se exercia a administração e a justiça. Este é o lugar mais alto da Ebora Liberalitas Iulia, como lhe chamavam os romanos. 

Pensa-se hoje que este templo foi construído há quase dois mil anos para servir no culto ao imperador. Recorde-se que os romanos, nessa época, adoravam vários deuses e também prestavam culto aos seus imperadores. Este templo estava rodeado de lojas e o chão da praça era de mármore. Claro que o templo que aqui vemos, mais não é que as ruínas do que os romanos construíram no século I.

Quando o Império Romano desapareceu, há cerca de 1600 anos, os povos “bárbaros” ocuparam grande parte da Europa. Na Península Ibérica foram os Visigodos que se instalaram. O seu reinado durou quase trezentos anos. No século VIII, vieram os Árabes e, no século XII, formou-se o reino de Portugal. 
Évora foi conquistada por Giraldo Sem Pavor, e entregue ao nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques. Assim se tornou uma cidade cristã. Ora o monumento principal de uma cidade cristã, nessa época, era a catedral. 



A catedral de Évora foi construída entre 1283 e 1308. Se pensarmos que naquele tempo todo o trabalho era feito sobretudo à força de braços, podemos dizer que esta catedral foi construída em relativamente pouco tempo. 
No exterior existem estátuas de homens que enfeitam o portal. Quem são? São os apóstolos. Com livros sagrados nas mãos, recebem quem entra. E na base de cada apóstolo pequenas esculturas contam histórias. Naquele tempo, a grande maioria das pessoas não sabia ler. Por isso a Igreja educava a população mandando esculpir histórias nas igrejas, como se fossem lições.
A catedral de Évora tem vários estilos e muitos espaços, sinal de muitas obras ao longo dos tempos. Pode-se visitar o “Tesouro da Sé” que contém pinturas e jóias em prata e ouro, e o claustro, onde está sepultado o bispo fundador, D. Pedro.

Ao longo da Idade Média, Évora cresce. A muralha romana já não protege toda a cidade. Torna-se necessário construir uma nova muralha que defenda os novos bairros (arrabaldes). A nova muralha será construída no tempo do rei D. Fernando, no século XIV. 
É nesta época que surge a Praça de Giraldo. 

Inicialmente aqui se fazia a primeira feira da cidade, ainda no tempo do rei D. Dinis (fim do século XIII, principio do século XIV). Com o passar dos anos, a Praça de Giraldo tornar-se-á na praça principal da cidade, conhecida então por Praça Grande. De um lado situavam-se os Paços do Concelho. Aqui havia o pelourinho, a “Casa de Ver o Peso” (instituição que verificava se os pesos e medidas não eram falsificados), os Estáus da Coroa (estalagem real) e a fonte. A toda a volta, as lojas serviam os habitantes. 
Esta praça assistiu a muitos acontecimentos da História de Évora. Foi aqui que se fizeram festas, torneios de cavaleiros - as justas - e touradas; e foi aqui que se fizeram os tristemente célebres autos-de-fé.

 A igreja e de S. Francisco, foi construída há cerca de 500 anos no local onde antes havia uma pequena igreja gótica. 



Nessa altura, o nosso país estava lançado nos Descobrimentos. Por isso podemos ver à entrada da igreja um dos símbolos da nossa expansão, a esfera armilar (emblema do rei D. Manuel I). 
Como igreja real, era aqui que os reis portugueses e a sua família assistiam à missa quando estavam em Évora. Para isso existem duas janelinhas à direita do altar. Mas onde ficavam os reis quando vinham a Évora? Ora ao lado desta igreja, na zona do claustro foi construído um palácio real: os Paços Reais. 
Durante muitos anos os reis portugueses aqui passaram largas temporadas, e aqui se fizeram importantes cerimónias. Como, em 1490, o casamento entre o príncipe Afonso, filho de D. João II e uma princesa espanhola. Poucos anos depois, Vasco da Gama terá recebido aqui o cargo de comandante da frota que descobriu o caminho marítimo para a Índia. Foi ainda nestes paços que Gil Vicente apresentou algumas das suas peças de teatro - os autos -, que estão na origem do teatro em Portugal.

Continuamos a ver os locais preferidos dos nossos reis, quando aqui ficavam. Em 1540, o rei D. João III ordenou ao arquitecto Miguel de Arruda que construísse esta igreja. Aqui também trabalhou o célebre escultor francês Nicolau de Chanterene. Assim se fez.




A Igreja foi feita num estilo novo para a época, dedicando-se a Nossa Senhora da Graça. Hoje é considerada um dos mais importantes monumentos do Renascimento em Portugal. Mas reparem nas quatro estátuas que estão logo acima da porta. Chamam-se os “meninos da Graça” e carregam às costas as “quatro partes do mundo” onde os portugueses chegaram. De resto, orgulhoso pelo império português, o rei D. João III mandou escrever na fachada o título de “Pai da Pátria”, imitando os antigos imperadores romanos.

Em Évora não há só palácios e igrejas. Por toda a cidade há outros monumentos que nos foram deixados e que ajudavam as pessoas no seu dia-a-dia. Como aqui, no largo da Porta da Moura, onde se pode ver esta bonita fonte de 1556. 



Num tempo em que a água pública era escassa, fontes como esta eram muito importantes para as populações. Esta fonte de forma esférica foi mandada erguer pelo cardeal e futuro rei D. Henrique, e foi construída pelo arquitecto Diogo de Torralva, com donativos dos vizinhos do largo. 
À sua volta podemos ver casas e pequenos palacetes, como a casa Cordovil com o seu belo mirante. Ao lado, temos a casa que foi de um célebre estudioso do século XVIII, Severim de Faria. Aí funcionou uma academia, onde grupos de amigos falavam de História e Literatura. E entre as torres que guardam a antiga Porta da Moura, vemos uma janela num estilo artístico tipicamente português, o “manuelino”. Chama-se “Janela de Garcia de Resende”, como homenagem ao célebre poeta português do século XVI, que em Évora nasceu e viveu, e que foi o autor do ‘Cancioneiro Geral’, livro onde se reúne poesia portuguesa dos séculos XV e XVI.

Durante muitos séculos, os jovens estudavam em escolas que pertenciam à Igreja. Se quisessem depois continuar estudos, podiam ir para a Universidade. 
Em Portugal só existiam duas: a de Coimbra e a de Évora. 



A Universidade de Évora foi construída em 1551, por ordem do cardeal D. Henrique, futuro rei de Portugal (1578-80). 
Mas o que é que se estudava nesta universidade? Os jovens estudantes podiam aqui frequentar cursos de Filosofia, Matemática, Teologia (estudos religiosos) e Retórica (artes ligadas à linguagem - era importante saber falar em público...). A Universidade de Évora aqui se manteve durante cerca de 200 anos, sendo depois extinta. 
Só em 1979 é que regressou a Évora, onde ainda hoje se mantém.



Existem muitos outros locais de interesse na cidade de Évora (o Museu de Évora é uma agradável surpresa), mas, como disse anteriormente, este é um roteiro feito à medida dos "afonsinhos" e do Afonso em particular, por isso são privilegiados os espaços exteriores.

Se houver tempo, e disponibilidade para sair da cidade, recomenda-se também um passeio pelos campos dos arredores para conhecer alguns dos maiores monumentos megalíticos da Península Ibérica.

Um dos meus preferidos é o cromeleque dos Almendres.



Trata-se do maior monumento megalítico da Península Ibérica e um dos mais antigos monumentos da Humanidade.
Foi construído há cerca de 7000 anos, no início do Neolítico, a época em que surgiram, na Europa ocidental, as primeiras comunidades de pastores e agricultores. 
O recinto dos Almendres  conta atualmente com cerca de uma centena de monólitos, alguns deles decorados.


Como na maioria das regiões megalíticas europeias, existe, na região, um número elevado de menires isolados, como o menir dos Almendres.


As antas são monumentos funerários coletivos que correspondem, de uma forma geral, a uma segunda fase do megalitismo regional. Foram construídas, na sua maioria, nos finais do Neolítico, há menos de seis mil anos. 

A Anta Grande do Zambujeiro é, provavelmente, a mais alta do mundo, com grandes esteios (pedras) de granito que atingem cerca de 6 m de altura. 



O estado actual do monumento, relativamente periclitante, resultou de uma intervenção antiga que, por ter retirado parte da mamoa (o monte de terra que cobria a anta), reduziu drasticamente a estabilidade do conjunto; foi, por isso, necessário, construir uma cobertura provisória e estabilizar alguns pontos mais sensíveis da estrutura, enquanto não é possível uma recuperação mais definitiva do monumento.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

PORTUGAL NO SÉCULO XIII


APRENDER A BRINCAR

Aqui os Afonsinhos podem testar os conhecimentos sobre a reconquista cristã, a formação de Portugal, o reino de Portugal e a ocupação da Península Ibérica no século XI,
Têm espaços para preencher e puzzles de palavras mas também podem ficar a conhecer melhor os castelos.
Para aceder fazem o seguinte: clicam em qualquer palavra de cor diferente e no site que abrir selecionam a categoria Jogos no lado esquerdo. Depois, nas unidades do 5º ano selecionam a nº 4, Formação do reino de Portugal. Acedem, então, a uma lista de jogos didáticos e atividades sobre o tema em estudo. É só escolher e divirtam-se.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O RECONHECIMENTO DO REINO

«Só o Papa pode nomear e depor os bispos. O Papa é o único homem a quem os reis beijam os pés.

A Ele é permitido depor os reis e imperadores.

A sua decisão não deve ser mudada por ninguém e só Ele pode mudar a de qualquer pessoa.

Ninguém pode desrespeitar a decisão do Papa.»

Bula do Papa Gregório VII – Século XI.

Já perceberam os Afonsinhos que para D. Afonso Henriques ser de facto rei precisava que o Papa o reconhecesse como tal.
Em 1179, D. Afonso Henriques conseguiu esse objetivo. O Papa reconheceu-o como rei de Portugal na Bula Manifestis Probatum.




«Alexandre, Bispo, servo dos servos de Deus. Ao caríssimo filho em Cristo, Afonso, ilustre Rei de Portugal e a seus herdeiros perpetuamente.

Foi comprovado que, por esforços guerreiros e combates militares como incansável lutador da Fé Cristã, como bom filho e príncipe católico, muitos favores prestaste à Santa Madre Igreja [...]

Por isso, atendendo nós à tua pessoa cheia de prudência e justiça, recebemos sob a nossa protecção e de S. Pedro, o reino portucalense com a integridade e honra de reino que aos reis pertence e também todos os lugares que, com o auxílio de Deus, retirares aos sarracenos nos quais os vizinhos príncipes cristãos não podem exigir para si direito [...]

A teus herdeiros concedemos estas mesmas coisas [...]».

Bula do Papa Alexandre III, 1179


(Adaptado)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL

Os afonsinhos já sabem que D. Afonso Henriques desejava obter a independência do Condado Portucalense. Para o conseguir lutou contra D. Afonso VII, seu primo, rei de Leão e Castela.
Conseguiu o reconhecimento da independência de Portugal através do Tratado de Zamora - 1143.
Assim, a partir de 1143, Portugal passou a ser um reino, cuja forma de governo era uma monarquia hereditária, sendo D. Afonso Henriques o primeiro rei da 1ª Dinastia.
Agora vai aqui e aplica o que aprendeste.

D. Afonso Henriques também desejava alargar o território e, para o conseguir, lutou contra os Mouros, conquistando terras e avançando para o Sul.

Portugal em 1185

O CONDADO PORTUCALENSE





Os Afonsinhos já aprenderam que o Condado Portucalense foi doado por D. Afonso VI, rei de Leão, a D. Henrique.
D. Henrique tinha direitos e deveres:
- devia obediência a D. Afonso VI
- tinha o direito de alargar o Condado, conquistando terras aos Mouros.
Após a morte de D. Henrique, o Condado passou a ser governado por D. Teresa, sua mulher. 
A ligação entre D. Teresa e Fernão Peres de Trava (conde galego), prejudicava o desejo de independência do Condado Portucalense. D. Afonso Henriques, apoiado pelos nobres portucalenses, revoltou-se contra a mãe. 
Na batalha de São Mamede - 1128, defrontaram-se os partidários de D. Teresa e os partidários de D. Afonso Henriques. D. Teresa derrotada fugiu para a Galiza, ficando D. Afonso Henriques a governar o Condado Portucalense. 





domingo, 2 de fevereiro de 2014

AS CRUZADAS


Conquista de Jerusalém
cavaleiro_cruzadas1


As Cruzadas são expedições de carácter “militar” organizadas pela Igreja Católica, para combaterem os inimigos do Cristianismo e libertarem a Terra Santa (Jerusalém) das mãos dos infiéis.
O movimento estendeu-se desde os fins do século XI até meados do século XIII. 
Chamavam-se Cruzadas pois aqueles que nelas participavam  (os chamados soldados de Cristo) eram identificados pelo símbolo da cruz bordado nas vestes. A cruz simbolizava o contrato estabelecido entre o indivíduo e Deus.

PORTUGAL - DE CONDADO A REINO